A história do cel. Antonio Justino de Figueiredo, Coronel da Guarda Nacional do Império do Brasil.

por José Márcio Castro Alves

No fastígio dos outeiros da Serra da Cobiça, ainda nos Oitocentos, a prole dos pioneiros vindos de São João Nepomuceno se apinhavam em muitas casas de pau a pique e de chão batido. Negociavam gado e plantavam roça, caçavam e pescavam, criavam porcos e muares, sempre a derrubar o mato e amansar a terra com o maior desbravador de todo o sertão do noroeste paulista: o boi. Era ele quem ia à frente, tanto no carro como no aval do criador.
O cel. Antonio Justino de Figueiredo, bisneto do capitão Diogo Garcia da Cruz, foi um deles. Nascido em 5 de fevereiro de 1855 na fazenda Fortaleza, de propriedade do avô, o Major Garcia, Antonio Justino era filho de Ana Garcia de Figueiredo, a quinta filha do Major Garcia, que após ficar viúva por duas vezes ainda tivera um caso extra conjugal com um professor de música, um francês que ministrava aulas de piano às filhas de fazendeiros e também às filhas do Major Garcia. Antonio Justino de Figueiredo seria fruto desse relacionamento. Dá pra imaginar o escândalo de uma filha de fazendeiro importante, em pleno 1855, ter sido mãe de um filho natural.


O livro O Capitão Diogo Garcia da Cruz (Ricardo Gumbleton Daunt) não cita Antonio Justino de Figueiredo como descendente de Ana Garcia de Figueiredo, mas o fato é que ele era filho de Ana Garcia de Figueiredo e portanto tinha meio sangue dos Garcia de Figueiredo, como qualquer filho nascido de um casal de famílias não aparentadas.


Antonio Justino fora criado com muito mimo e herdaria grande parte do patrimônio do avô Major Garcia, incluindo o título de Coronel da Guarda Nacional, devido ao prestígio do seu nome. A própria casa do seu avô, o Major Garcia, uma das primeiras do arraial, situada na esquina da futura rua cap. Renato Jardim com a rua Maria Tereza Garcia de Figueiredo (sua avó), na Praça da Matriz, também ficaria com ele. A mesma casa da cidade onde moraria por toda a vida, deixando-a ao o filho caçula, Erasmo Baptista de Figueiredo.


Na divisão do patrimônio dos irmãos Major Garcia (Antonio Garcia de Figueiredo - Fortaleza) e Joaquim Garcia de Figueiredo (Jaborandy), houve um acerto ou uma troca. O neto do Major Garcia, cel. Antonio Justino de Figueiredo, ficaria com a fazenda Jaborandy e o parente, Diogo Garcia de Figueiredo Sobrinho, filho de Joaquim Garcia de Figueiredo, ficaria com a fazenda Fortaleza.
Inicialmente as glebas das terras somavam extensões bastante expressivas, muito embora não houvesse qualquer tipo de especulação imobiliária. A fazenda Jaborandy contava com 8 mil alqueires, só pra se ter uma idéia. Desmembravam-se as escrituras com o passar das gerações, naturalmente.


Os dois filhos do Joaquim Garcia de Figueiredo (Jaborandy), respectivamante, Diogo e Antônio, se casariam com as duas primas, Umbelina Cândida e Maria Cândida, que eram filhas do Major Garcia (irmão do Joaquim). Portanto dois irmãos casaram-se com duas primas irmãs que também eram irmãs.
A pergunta que se faz: Por que os irmãos Diogo e Antonio não ficaram com a gleba do pai Joaquim (Jaborandy), que fora transferida ao neto do Major Garcia, cel. Antonio Justino de Figueiredo? Porque o Major Garcia reconhecia Antonio Justino como neto e não o deixaria morrer à mingua. Fez um acordo com o irmão Joaquim de acomodarem os herdeiros homens da melhor forma. Assim se fez.
Nota - A filha mais velha do Major Garcia, Inocência Constança, também se casaria com um primo, filho da irmã do Major Garcia, Ana Jacyntha de Figueiredo.